REVOLUÇÃO...

Fugi de mãos vazias para a mata

Natura densa, rara e ainda virgem

Levando nos meus olhos a fuligem

E o fel na boca que se engole e mata...

Na fuga do asfalto, chão maldito

Unindo-me aos dons elementares

Respirarei pureza livre aos ares!

Justiça: Teu desejo eu habito...

Absorvendo a mente coletiva

Senti da existência o desejo

De proteger os fracos com um beijo

Mas a vingança aos clãs ainda viva...

Então meu "gens" tomado de poderes

Recolhe as substâncias das peçonhas

A força na loucura das "maconhas"

(Loucura nas papoulas sem vergonhas)

Fazendo-me o mais cruel dos seres...

Da Mamba Negra: presa em par à boca

E de "Komodo" sinto arder a saliva

A minha força, mais e mais altiva

Que da (in)justiça a toga é fraca e pouca...

Visão de águia em mim o dom me amplia,

Mil vezes, que a intuição me toma

E eu faço do planeta meu bioma!

Sou gênio protetor da noite ao dia...

Eu moldo a beleza no meu porte!

Que meu disfarce é mais que infalível

Da minha natureza invisível

A imunidade eu absorvo à morte...

E como a fonte que se desenterra

Seguindo ao mar, em natural contato

Prossigo calmo, frio e mais exato

O herói em liberdade... Sou quimera...

Caminho...

Andando qual felino ao céu, sozinho

As garras vão sulcando toda a terra

No meu olhar a vida da monera

Reflorestando todo o meu caminho...

Em cada "Pólis" causo uma ruína

Um terremoto com meus passos duros

Mas dos escombros, sei que dos monturos

Ressurgirá a vida genuína...

Então, eu chego ao centro da esplanada

Extraio o ferro do concreto frio

E ergo uma espada e desafio

O monstro do congresso em derrocada...

A espada finco ao peito do Plenário

Derreto todo seu concreto grés

Extirpo todo o mal de uma só vez

Que o bem se tornará discricionário...

Solapo o corrupto e o corruptor

Enterro a vaidade que se orgulha

E em si mesmo o ser no ser mergulha

No encontro da semente e semeador...

Decapitada ao traidor sua mente

Causo ferida ao peito do indeciso

Revolução no "tao" será preciso

Com sangue até do último inocente...

Mas não terei piedade do astuto

Daquele que gargalha sobre o pobre

Pois, quando humilhado se descobre

Será deixado a míngua com escorbuto...

Terei então livrado meu país

Do vero mal, ao mau olhar, mas belo

Deixando outra chance a quem revelo:

Ao roto, à criança e à meretriz...

Eu volto a selva... E lá me embrenharei!

A lágrima da dor se verterá

Por todo coração igual ao mar

Mas sei do lírio em lodo: A NOVA LEI!

Depois... Depois?

À escuridão eu estarei imerso...

E qual o sol à noite se revela

O amor ao peito, qual a flor mais bela

Um guardião das leis do universo!

Autor: André Luiz Pinheiro

23/12/2016

Obs: Tudo me veio quase de uma só vez. Uma indignação com tudo que acontece em nosso país. Algumas ideias, no poema, eu não compactuo, mas achei que estava dentro do contexto. Abraços e espero que gostem... A.L.P.