Sobre os versos de uma poetisa

Os meus toques em tuas palavras toda vez que te leio,

Leio, sim, teus anseios, tua ânsia de dar cor aos versos.

Sei que meus versos não valem sequer cada letra da conjuntura de

[tuas estrofes.

Ah, insanidade este meu tal desejo de ouvir a musicalidade dos teus

[cabelos

Quando os deita sobre tua mão com a caneta firme,

Amaciando-a para o prelúdio de uma composição!

Medito...

Onde encontrar um bilheteiro que me desse, sem a paga dos meus

[versos,

Uma viagem junto às pétalas que vão dormir sobre o lago sereno das

[tuas idéias?

Cismo...

Por que meus poemas são assim de turbilhão,

Destronando reis, perturbando nações, gelando almas?

Quem me dera um minuto de calma para os meus versos!

Talvez, numa praça que não existe ainda, só pensada nos teus

[sonhos,

Sem todos aqueles maquinismos de praça, sem o mecanismo dos

[seres,

Sem o sorriso terminal de um final-de-tarde de praça,

Sem a lembrança de um abandono, sem os pombos gordos,

Ciscando os restos de tédio dos velhos, sem satirismos de algum poeta

[social,

Eu me daria um instante para acomodar minha alma nas tuas palavras.

Penso...

Mas quem sabe por aí, sempre cismando com a vida,

Eu me encontre com Manuel Bandeira, vindo de Pasárgada,

E, talvez, ele possa me falar de algum caminho à tua poesia.

Tom Lazarus
Enviado por Tom Lazarus em 01/08/2007
Reeditado em 26/09/2007
Código do texto: T588348
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