Sobra

No dentro

no espesso

e profundo dentro,

num espaço íngrime

do pensamento,

de difícil equilíbrio

e estar,

no fundo desse breu

à prova de voz e de tempo

guardo o que fui

o que foi meu

e já não alcanço mais

Guardo esta poção

na forma de ungüento

curado de raiva e razão

Mantenho longe

esse bicho sem rosto,

desconheço seus poderes

fluxos e direção

Por hora

deixo tudo como está,

estraçalhado

sem ser tocado

sedimentado no seu lugar.