O tempo

Um século, um segundo,

Um dia, uma era

Assim gira o mundo,

Num ciclo sem espera

Alegrias contadas,

Sensações agendadas

Num frio compasso

Perdido no espaço

O sistema mecânico

Da máquina no pulso

Não mensura o orgânico,

Meu cronograma avulso

Meu próprio fuso-horário

Não segue o itinerário.

Como ditar o pique

De quem vive em tac tic,

No sentido anti-horário?

O senhor da razão

Restringe a emoção,

Posterga o amor

E desperta a dor

Chega de repente,

Traz o meu presente

Afasta o futuro do passado

Com método já testado

O ponteiro impõe ritmo

Mas se o viver é empírico

Quem está atrasado?

E se quando despertar

Ninguém estiver pronto?

Não dá pra adiar,

A vida é agora em ponto.