Ave, Madalena!

E na Terra de um Deus só

Com esfomeados semideuses

Corrompidos aos mandos, de cima do Olimpo

Rasgam a tábua sagrada da lei

Miseráveis quase mortais

Inatingíveis atingem a todos

Em nome do Pai, do Filho e da Família

Fazem cair, se fazem Senhor,

Sobre nós, sobre o povo, as suas iras

Quase fada, nada,

quase nada tenho

Além de meu nome, quase nome

Que quase me tiram

Maria Mada, Mada ou Madá!

Astuta, absoluta... uma puta, Senhor

Carrego o fardo de ser Sua Imagem

Oh imagem desgraçada,

Santidade maculada

Me toma desse mundo, Senhor

Pois cansei-me de ser apedrejada

Há tantos homens

Que cospem e pisam

Que endurecem seus punhos

Que trancam seus corações

Há tantos homens que enchem os bolsos

Que ferem os rostos

Que derrubam nações

Por que me comparam a eles, Senhor

Eu, que de todas as coisas malditas

deles só me cresce a barba

arrancada fio a fio

todo dia uma batalha,

cera e navalha

Eu vejo bem de longe

O Olimpo desmoronar,

Mas quem, te pergunto Senhor

Quem será esmagado

Pelos destroços do lugar?

Não me resta muita voz

Quase que me tiram meu nome

Sinto ódio, sinto

Mas só aquele que bate em mim

Mas de todas as dores, Senhor,

Acima de tudo

Só quero saber

Por que continuas Mudo?

Eliézer Santos
Enviado por Eliézer Santos em 31/01/2017
Código do texto: T5897965
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