Infernando Pessoa
Tu ecoas palavras à legião,
Dizes poeta ser um fingidor
e fingindo em oito é mau que finges!
Oh verme! Oh… poeta?
Teus toscos versos do Tejo,
e todos aqueles que causam tédio,
todos daquela noite
todos dos Lusíadas do século vinte,
ou qualquer um do peito aberto:
não importa – antes são teus,
e teus sendo eu já detesto.
Seja até que como poeta eu não preste
mas tu prestas tanto menos,
pois és poeta de arestas.
De arestas, oh verme!
Mas se tu achas que
poeta é um fingidor,
que aches!
Poeta não é fingidor:
Poeta é o brincador,
é o ator que interpreta,
quem interpela sobre a dor
em ódio e em amor consigo mesmo.
O poeta cria, é deus dos seus momentos,
é dos perfeitos versos o criador,
é quem mina do coração qualquer lirismo,
é quem lapida o ódio
e pode ser quem faz o cristalino.
Mas o poeta não é um fingidor.
Não o poeta deveras!