Em derredor

Há uma voz

Rindo de mim no meio da noite!

Me contento em não ver.

- Ou não posso ver? –

Procuro não procurar.

-Será que, se tentasse, acharia?

Há uma voz

Rindo de mim no meio da noite!

(Sei lá quem é, sei lá se há!)

É bom fingir!

Me abraço aos modernismos,

Me proclamo um realista

Que não tem medo,

Que não tem medo...

Que não chora,

Que não chora...

Mas há uma voz

Rindo de mim no meio da noite!

Muito atrás,

Estacionaram muitas coisas.

Muito atrás, muitas coisas!

Vim seguindo,

Claro em derredor, muito claro!

Só em derredor, mas hoje, agora,

Num outro derredor,

Nasceu uma sombra, uma névoa,

Uma noite...

Há uma voz

Rindo de mim no meio da noite!

(sei lá quem é, sei lá se há!)

(Belo Horizonte, MG/1969)

William Santiago
Enviado por William Santiago em 03/02/2017
Reeditado em 03/04/2017
Código do texto: T5901331
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