Luto com monstro que mora em mim.

Luto com monstro que mora em mim.

Tomou-me o posto de capitão.

Tem o meu rosto de início a fim,

Tem o meu corpo e o meu coração.

Divido a vida com esse demônio,

Ele não mede suas atitudes,

Tem minha voz e tem meu patrimônio

E me afasta de minhas virtudes.

Quero pensar que tudo está bem,

Que não há risco de ser devorado,

Mas ao final não haverá ninguém

Para me ver gritar, desesperado.

Tal é a sina de mim, perdedor,

Possuído por uma depressão;

Abandonado por seja quem for

Sem ser lembrado numa só menção.

Demônio cruel, demônio inseguro,

Vê o que fazes com teu hospedeiro,

Derrubas a ponte e constróis o muro,

Ofuscas o que sou, eu verdadeiro.

Por que fazes, ó monstruosidade?

Por que és parasita de minha alma?

Quero viver minha tranquilidade

Sem perder controle da própria palma.

Sempre que adentro em uma sala

Cheia de gente, começo a suar;

Bando inimigo, eu perco a calma,

Não falem comigo, ou vou chorar.

Não quero amigo, não quero toque,

Odeio conversa, odeio a todos,

Favor, não tentem, ninguém me provoque,

Demônio me tem de todos os modos.

Faz-me rejeitado, ter pesadelos,

Morro de medo, quero me esconder

Dentro de abraços, dentro de cabelos,

Do contrário, sinto que vou morrer.

Mas como terei tamanha conquista

Do amor se possuído eu sou?

Não, não terei, a vitória não é minha,

É do demônio que me assassinou.

Demônio cruel, demônio inseguro,

Como marionete, afastas-me dela;

Fazes com que seja garoto sujo

Que não merece nem uma moeda.

Misturas todos os meus pensamentos,

Jogas-me dentro de contradição,

Derrubas-me a todos os momentos

E partes, cruel, o meu coração.

Estou confuso, sem o que fazer,

Incapaz mesmo de poema bom,

Demônio está para me vencer,

Acho que de viver não tenho o dom.

Meu único sonho é impossível,

Demônio me fará celibatário,

Sobreviver não faz nenhum sentido,

Não passo de um banana otário.

4/2/2017

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 04/02/2017
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