Eu

Eu sou aquele que me destrói e àquele que eu um dia culpei,

peço-lhe desculpas, pois involuntariamente você participou

da minha mentira insolúvel de tanto me vitimizar.

Mas foi eu quem me abandonou na rua deserta;

procurei escarnecedor a escarnecedor para sentar à mesa;

escolhi o encanto do amor desesperador e mortal;

eu neguei o pão na miserável fome mendiga;

sai perguntando onde poderia achar o abismo da foto;

espantei todos os amigos me vestindo de arrogância;

e mudei o sangue de cada familiar, apagando os sobrenomes.

A culpa é minha e de mais ninguém.

Eu cavei a cova, pus a terra sob mim

e fiz com que ninguém fosse ao enterro.