A passageira hora infinita...

Três mil toneladas de doentios gemidos noturnos pesam sobre mim...

Apesar de saber que isso vai passar,

Neste momento eu queria a morte mais absoluta, se ela existisse...

Oh, mussa, assassina silenciosa dos brilhos oculares,

Não me deixe à míngua como quem não tem familiares...

Faça sentir teu amor por mim, musa de olhos profundos!

Não me dê o seco e vazio toque de teus lábios finos, e escarnecidos...

Mas crava-me o ser com a ira de mil guerras,

Com o ódio de sete gerações!

Estraçalha-me o ventre com navalhas delgadas,

Fervidas em veneno das bruxas malditas das noites da idade média...

Finca-me o coração com três pontas enferrujados, quentes em brasa, de modo que meus olhos fiquem irtos!

Só assim, oh temerosa companhia dos homens, talvez eu sinta a alegria de saber o que seja está vivo...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 13/02/2017
Reeditado em 20/04/2017
Código do texto: T5911295
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