Arritmia poética
Não abandono meus hábitos
Meu chá à noite antes de dormir
Alongar as pernas deitado na cama
Rememorar fatos acontecidos faz séculos
(Não os abandono por mais bizarros que pareçam)
Umeceder os lábios antes de disparar um esporro
Coçar o nariz ou a nuca por timidez
Cheirar meus livros mesmo sabendo que alguns fedem
Chorar ouvindo música
Chorar sempre
Inclusive diante da beleza
E me odiar por causa disso
Por ser um fraco
Não largo de me abandonar aos cães
Aos açoites
Até gosto dos açoites
Não paro de beber da lama
De mastigar insetos
E regorgitar flores exóticas
Só para chorar diante delas
Insensíveis ao meu lamento
Eles murcham
E me deixam sozinho
Não largo de ser sozinho
Com meu chá à noite
Antes de dormir
E flores mortas ao meu redor