Do outro lado da rua

O meu peito está ensanguentado de dor...

O meu povo exilado no pavor.

quando não está nas praças, fica por ai, nas esquinas

Colhendo desgraças...

Quando não dorme nos vãos,

Acorda com os pés no chão.

Pedindo algo para comer,

Fazendo trocado lavando carro,

Tirando no susto ou numa carreira um pouco do que tem você,

Matando para não morrer,

Morrendo sem jamais saber o valor de uma semente na terra.

Votando porque tem que ser,

Ignorando por não saber.

É difícil ver quem não quer ver, que o País está no escuro.

A esperança está no muro,

A educação não aponta para o futuro

E ainda tem muita gente

Sem lugar para viver.

Sem saber o que fazer.

Não há emprego nas ruas,

Não há liberdade,

Mas as pessoas se preocupam em não perderem a novela da tv.´

Os filhos tem que suportarem a fome,

Os pais engolem os seus nomes,

E andando de cabeça baixa, continuma dizendo sim senhor.

Não temos doutor,

E ninguém é dono de nada.

Somos todos iguais,

Somos de tantas raças e palavras,

Somos quem podemos ou pensamos ser,

Quando nos propusermos a vencer.

Está tudo errado...

Ninguém sabe dizer se somos a democracia

Se somos a pura demagogia ou se a nossa liberdade

Começa, quando o corpo deixa a alma.

Todos pensam no poder, mas não são capazes de entender

Que eternidade só se faz comigo e com você.

O sol não faz o dia sozinho,

Tão pouco as flores, no jardim, tem sentido ocupando a solidão.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 03/08/2007
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