VERSOS INSCRITOS NUMA TAÇA FEITA DE UM CRÂNIO (tradução do poema "Lines inscribed upon a cup formed from a skull" de Lord Byron)

Não temas — inda há alma aqui:

Ao contrário de um crânio vivo,

Este jamais fluirá de si

Algo que seja cansativo.

Vivi, amei, bebi, qual tu:

Morri: tiraram-me da terra;

Entorna-me — teu lábio nu

Não ferra mais que um verme ferra.

Melhor o vinho receber

Que a larva podre umedecida;

No cálice, um néctar suster

Do que dos répteis a comida.

Onde brilhou a minha mente,

Por outras, deixe-me brilhar;

Se foi-se o cérebro, há suplente

Melhor que o vinho em seu lugar?

Beba, inda há tempo — uma outra raça,

Quando, com os teus, fordes aos fossos,

Vos livrará da terra, à caça

De vos gozar também os ossos.

E por que não? Se cria, em vida,

Toda cabeça, tanto mal,

É bom, dos vermes redimida,

Poder ser útil afinal.

Kleiton Muniz
Enviado por Kleiton Muniz em 25/02/2017
Reeditado em 25/02/2017
Código do texto: T5923892
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.