Holofotes - Poema expressivo (às "atrizes" da vida...)

O que ela quer de mim?

Meus amados

Lhes direi eu

Em frangalhos

Aqui estou, bem assim:

Pisado

Chacotado

Minimizado

Deixado de lado

Deixado de ser amado

Acabado, lesado, desarmado

Maltratado, e de tristeza, um bocado

De quebra, visivelmente embriagado

Ébrio, com os braços atados

Estejam então avisados

Pois seguem em versos

Retalhos de fatos

Indecifrados

Relatos

O que ela quer de mim?

Apenas agrados

iRrrregalos!

Embalos

De noites e dias

Regados

A reles regalias

Tão grandes quanto Golias

Mordomias

"Mama mia!!"

Marlboros vermelhos

Old Parr, Cinquenta e Um

Caipiroskas, Caipirinhas

Cocktails e cia

Uns trocados, senhorita?

P'ra sustentar sua boemia

E se não os tem...

Ha! Ha! Ha!

Dramas e birras

Falsas lágrimas

Cavando intrigas

Chocante!

Como um lago de enguias

Atuação impecável

Eu mesmo

Em mil anos, diria

Que jamais conseguiria

Sequer praticando

Persistente em disciplina

Em frente a um espelho

Tão convincente ela é

Atuando

Como Elizabeth Taylor

Já teve o que quer

E agora

Como Alice e o Coelho

Parte

Em busca de aventuras

Sendo assim, brother

Não te iludas

Qu'essa orquídea e suas mudas

Evite encarar

Os olhos da bruxa

Da cor das bahias

Envoltas em águas frias

Que fortemente puxa

Com intensa correnteza

Densas lágrimas marinhas

Te arrasta e te embucha

Que te dá de sobremesa

De bandeja

Às serpentes e suas crias

Desafio insuperável

Que nem Colombo ou Os Lusíadas

Nos melhores dos seus dias

Com um ego inabalável

Navegando noite e dia

Tentariam tal proeza

Proa adentro com destreza

Para que servir de presa?

Marinheiro à bolonhesa?

Com azeitona ou champignon?

No cardápio a Poseidon?

Negativo! Vossa alteza

Aaah... mas que princesa

Monarca nata

Ronrona como gata

Sua voz pela manhã

De seus lábios de romã

Se destaca

Soa gostoso

Na entoação exata

Me deixa buliçoso

Como um sêlvagem primata

Suas pernas à minha volta

Como alicate, engata

Sobre os nossos travesseiros

Fios de fogo

Como Ágata

Ao sorrir, ela me mata

Ao chorar, ela resgata

Empatia e compaixão

Olhando bem nos olhos

Deste pobre astigmata

Logo então volta a questão:

O que ela quer de mim?

O que tu queres de mim?

Se uma hora estais aqui

E na outra viras cinzas?

Peço, por favor, não mintas

Sei que nada prometeste

Mas não custa explicitar

Como em quadro e cavalete

Dissertando pelas tintas

ilustrando ao pincelar

Seja lá o que quer que sintas

És poeta, és artista

Trouxe-me muitas alegrias

Do teu toque

Por carícia

Ou arranhões

À excêntrica gastronomia

Tua simples companhia

As pequenas confusões

E demais situações...

Então por que te privas?

O que ela quer de mim?

Hora faz-me luz

Como músicas de soul

Hora faz me trevas

Como O Corvo de Allan Poe

Meu pedido aqui então

Cruzando os dedos da minha mão

Sendo ao máximo cortês

Sem teatros, sem mais trotes

Ou afasta-te de vez

Ou desmente minhas estrofes!

E se, por acaso, desmentir

Apareça por aqui

E amemo-nos às seis

Entre partidas de xadrez

Sob humildes holofotes

O que ela quer de mim?

Vejo agora muito claro

Sem auxílio, sem oráculo

O que quer nada mais é

Que eu seja parte do espetáculo.

Thadeu Melo Fidélis

(24/01/2017)

Thadeu de Melo
Enviado por Thadeu de Melo em 08/03/2017
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