ENTRE O EFÊMERO E O ETERNO

Sempre há uma razão para tudo;

Para tudo sempre há uma ante-causa.

Nem sempre o silêncio se fez mudo,

Ante a não sonoridade dessas pausas.

Pausas evolutivas, pejadas de agitação,

Em que a confusão dita as regras do caos.

Paira no ar funesta sensação,

De que o mundo soçobra, sob a ira dos maus.

Minúsculo mundo, ignota realidade,

Gerada por orgulho e contradição.

Elementos da mesma calamidade,

Destes tempos de tanta devassidão.

Porém, a infinita vida voeja além;

Além de tudo que alcançamos.

Onde não há nada, não há ninguém;

Ao menos assim sempre pensamos.

Na melodia além tempo do eterno,

Os elementos disciplinam o espaço.

Lucidez e sonho fazem céu e inferno,

Aos “racionalistas”, que só cruzam os braços.

Nada se interpõe, frente à trilha mater

Dos tais manvantaras,

De extensões Brahmânicas;

Mas seguem discursando os “gênios” de caráter,

Sob a tutela férrea de mentes satânicas.

Maria ainda é a mãe de toda essa gente,

Que se banha, aparvalhada, no oceano;

Que se aquieta num canto, confortável e quente,

Deixando-se embalar pelo atroz engano

De que basta rezar, ser assíduo e crente.

Caminho humano, caminho insano!

Solidariedade e cidadania desprezadas,

Consideração e educação ignoradas,

Disciplina e compreensão desconsideradas,

Dignidade e humildade aviltadas.

Aqui, entre nós, a patética e ridícula pequenez;

Que contrasta com a soberba harmonia sideral.

Aqui, escamoteada, nossa selvagem nudez,

Que demonstra predominar nosso instinto animal.

Muito além, civilizações que exibem outro jaez,

Já abandonaram, há muito, a aventura carnal;

Oscilações de caráter, lá não têm vez,

A vida acontece sem o bem ou o mal.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 11/03/2017
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