Sopro Insólito
Morro exausta
e o meu corpo numa cama escarlate.
Ouço ainda o toque afoito dos teus dedos
compondo canções insanas,
tua boca ensaiando cânticos
e teu tronco ensinando-me a dormir
saciada.
São nuvens bêbadas essas em que piso
- foge o equilíbrio ao equilibrista -
Deixo-me guiar de olhos vendados
pelo toque que repousa leve em meu colo.
Um assavio quente escorre em meu pescoço.
Noites de volúpia e medo,
vontade,
segredo.
A palma, o tato,
são cegos,
morcegos aflitos sentindo perfurar-lhes a luz.
Algo anjo sopra sonhos em minha alma.