ELEGIA
ELEGIA
tudo na minha alma é para sempre
como o sono dormente das pedras.
Tudo na minha alma é noite
revestida de melancolia, de tédio, de medo.
Tudo na minha alma é esperança, vontade de viver,
de sonhar o sonho impossível
de ser eu mesmo duro como a pedra
para suportar os torpedos que me são
atirados pela janela dos dias.
Tudo na minha alma se dissolve
como nuvem escura nas cinzas das horas.
Tudo na minha alma se transforma
na dor de existir,
na agonia demiúrgica do meu degredo.
Tudo na minha alma é solidário
com a vida pequena dos homens.
Tudo na minha alma é utopia, repousa
nas esquenas desertas do mundo.