Seca cheia (*)

Chuva, chuva e chuva...

água que lava o céu e a terra,

mata a sede, erode o chão,

desabriga o sertanejo.

Metamorfose d’um sofrimento,

da sede à inundação;

desabrigo, fome e dor:

em vão, tantas preces!

Amor, bloqueio do êxodo,

combatente, vence a miséria,

firma o homem ao campo.

Esperança no amanhã incerto,

obscuro porvir, acontecer,

certeza d’uma vida dura.

(*) Poema que integra o livro Pedaços de uma existência, publicado pela Editora Litteris em 1999.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 26/03/2017
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