Meu Pequeno Príncipe.

Rio, 28. 03. 2017.

*Minha homenagem ao pequeno grande

personagem do Exupéry e também a criança

que insisti em existir em mim.

Meu Pequeno Príncipe.

Eu preciso me desculpar

Comigo mesmo, antes de mais nada,

Por ter me tornado mais uma

Pessoa grande e ocupada,

Que de tão esquecida e estabanada

Resolveu ignorar que você

Ainda está aqui se rindo

desse nó na nossa gravata...

É que hoje em dia a parte do meu

coração que você resisti, reside

E persiste em ocupar com sua pose,

É tão diminuta quanto a tal fomosa

História de um certo asteróide B-612.

E você continua lá. Um pequeno Príncipe

Que habita um recanto da alma

Deste homem sem nobreza.

Eu não consigo mais enxergar

O carneiro na caixa,  já não tenho

Mais aquela sua triunfante certeza.

Agora eu devo me desculpar contigo,

Sinto muito meu menino,

Por eu ter me tornado um preguiçoso

E não mais podar as mudas de Baobás

Que cresceram de modo danoso,

E constituem hoje as falhas da minha

personalidade de homem teimoso.

Aqui nesse engarrafamento,

Em meio as buzinas e a luz

Furtiva de um forte farol,

Me lembrei que faz tempo que

Não paro pra ver um por do sol.

Pois é, virei um peixe nesse anzol,

Refém desse sistema que você

Nem imaginaria,  à época, em que

Eu era só um desejo seu.

Sabe a Rosa?... Foram tantas,

E os seus perfumes, tão

Inebriantes (meu Deus)...

Mas todas foram se despetalando

Com o tempo... ah o tempo!...

Foi passando assim sorrateiro,

Feito um pé de vento ligeiro.

E então cá estamos nós, 

nesse planeta repleto de

pessoas sempre caminhando

Apressadamente a sós.

Quem me olha hoje quase não te vê...

A não ser quando num lampejo

meus olhos, num gracejo,

Emitem um brilho de estrelas

Que não há o que dissipe,

Nessa hora quem tem olhar mais

Atento consegue enxergar você,

Meu pequeno Príncipe.

Clayton Márcio.