O AMOR ME INTIMOU

O amor me intimou a dançar.

O palco, minha alma gasta.

Mandou eu levantar minha bunda gorda,

Sacudir a poeira e a tristeza de toda uma vida.

Era preciso limpar-me para a alegria que viria.

Quando, enfim, pronto. Segurei suas cálidas mãos

E juntos, pela primeira vez, dançamos em conformidade,

Esquecidos de imediato das eras de disparidade mútua.

Rompeu de mim uma cascata de águas férteis.

Nosso palco inundou, mas sem risco algum.

Coisas belas começaram a florescer e enfeitar

O vazio de antes. Primavera veio pela nossa valsa.

Juntos nós continuamos de pé, sem perder o fôlego.

Só deixaremos a dança parar quando meus ossos deitarem.