A FLOR NA TRINCHEIRA

Uma flor destemida e ousada

Nasceu bem no meio da guerra.

Veio branca e límpida

Em perfeito contraste

Ao preto da fuligem

E ao vermelho do sangue.

Gritava corajosa e brava

A exigir paz e calmaria,

Desviava de balas de canhões,

De bombas sibilantes, de pés pesados.

Sempre limpa, perfumou a eliminar

O cheiro rançoso e ocre de morte.

Tocou com maciez corpos a fim de curá-los

Das tantas vis feridas expostas e íntimas.

A flor nascida na trincheira, ali, continuou

Gritou, curou, desviou até ser ouvida e parar a guerra.