Sob medida

Devoro versos como quem devora saladas coloridas,

verdes, frescas, crocantes, nutritivas.

Escrevo versos com a alma,

com a calma que normalmente eu não verbalizo.

Quando escrevo, moldo o amor no seu tamanho real,

passo a passo, tempo a tempo,

ora na casa do bem, ora na casa do mal.

Eu simetrizo a variante, lateralizo o coração,

palmeio esse universo e centralizo a razão.

Sistematizo os sentimentos num traçado axial,

medido e comedido, anatômico, racional.

Hermeticamente contido.

Nesse anacronismo serial, duelam dois cognitivos,

dois pontos extremos:

A dúvida de quem somos e a certeza de quem seremos.

Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 09/04/2017
Código do texto: T5965792
Classificação de conteúdo: seguro