Valores
Meus valores foram trucidados
Meus clamores sempre abafados
Meus amores ficaram no passado
Meus temores mais escrachados
Teus senhores estão a cada passo!
São feitores que te amarram o laço
Não tem cores neste nosso espaço
Sobrou rancores, então o que eu faço?
Pra ver flores neste deserto árido!
Mundo sem dores? Parece até que é fácil...
Mas somos sonhadores, por isso eu afasto
Todos perdedores nos quais eu não em encaixo
Vítimas dos doutores que levam ao fracasso
Fabricando horrores, onde o progresso é escasso
Hipócritas detentores de mais um pedaço
De todos esses homens são como finados
Enquanto seus louvores estão confinados
Até ouvi rumores de um povo derrotado
Guri sem sobrenome, futuro encarcerado
Como se fossem atores de um dramalhaço
Ações ou terrores que não serão premiados
Pois onde fores é sempre enquadrado
É o crime ou a fome! Escolha teu calvário
Ou então um Homer, na tela ligadaço
Então o que houve? Mundo cruel, pesado
Pra mim só coube mostrar um outro lado
Formar novos leitores, ainda esperançado
A cultura, eu soube, que era o meu legado
Vamos lá, senhores, escutem meu recado
Apostem seus penhores, puxem outro maço
Pois a juventude ouve, mas é discriminado
Não sou um Beethoven, mas é o que eu faço...