Valores

Meus valores foram trucidados

Meus clamores sempre abafados

Meus amores ficaram no passado

Meus temores mais escrachados

Teus senhores estão a cada passo!

São feitores que te amarram o laço

Não tem cores neste nosso espaço

Sobrou rancores, então o que eu faço?

Pra ver flores neste deserto árido!

Mundo sem dores? Parece até que é fácil...

Mas somos sonhadores, por isso eu afasto

Todos perdedores nos quais eu não em encaixo

Vítimas dos doutores que levam ao fracasso

Fabricando horrores, onde o progresso é escasso

Hipócritas detentores de mais um pedaço

De todos esses homens são como finados

Enquanto seus louvores estão confinados

Até ouvi rumores de um povo derrotado

Guri sem sobrenome, futuro encarcerado

Como se fossem atores de um dramalhaço

Ações ou terrores que não serão premiados

Pois onde fores é sempre enquadrado

É o crime ou a fome! Escolha teu calvário

Ou então um Homer, na tela ligadaço

Então o que houve? Mundo cruel, pesado

Pra mim só coube mostrar um outro lado

Formar novos leitores, ainda esperançado

A cultura, eu soube, que era o meu legado

Vamos lá, senhores, escutem meu recado

Apostem seus penhores, puxem outro maço

Pois a juventude ouve, mas é discriminado

Não sou um Beethoven, mas é o que eu faço...

Luciano Pétersen
Enviado por Luciano Pétersen em 11/04/2017
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