"_ ELE MORREU, O BELO ADÔNIS!"

“_ ELE MORREU, O BELO ADÔNIS!”

Na varanda,

da janela...

Uma estalada!

Qual foi, qual não foi?!

Mira, Mirra!

a sua Criança-dos-bosques

em meu jardim!

Branca rosa deleitando-se ao sol,

só para mim,

neste arrebol,

no meu “Jardim de Adônis”,

meu Éden pastoral.

Mira, Mirra!

sua Criança tímida,

cujo destino mítico

está inscrito na trajetória –

triste história! dos astros.

“_ Ele morreu, o belo Adônis!”

Traços de pura Beleza,

Menino cobiça e ciúme dos deuses!

Afrodite e Perséfone

enlouquecidas de amores...

O enredo de Afrodite:

a paixão de uma imortal

pelo belo adolescente...

beleza ameaçada pelo Tempo.

Adônis ao leito fúnebre já feito:

ferido de morte, que má sorte!

Adônis aqui jaz em incurável surdez de pedra,

e as lágrimas de Afrodite tingem

a rosa-branca-rubragora.

Maldito Javali!

Ouça, Esmirna!

O estrondo no céu,

é a próxima estação!

Eis as estaladas das árvores

ao vento invernal!

Adônis renascendo em árvores-mães!

Conduzir a termo o parto difícil,

é o despertar das dores - estaladas!

reduzi-las agosto às flores,

o ventre prenhe,

a árvore-mulher incha-se,

a árvore-grávida e o parto,

as dríades parturientes,

coroadas de carvalho,

a abertura no tronco...

Adônis respira!

A força vital de sair ao fora!

Ah! tão bela flora...

Adônis-Anêmona,

flor efêmera da primavera,

sopro juvenil...

No meu jardim,

em meu pequeno jardim,

em caracteres de escritura primaveril,

escreverei... sim!

Prof. Dr. Sílvio Medeiros

Campinas, é inverno de 2007.