O meu sonho
E se não houvessem empecilhos?
_Meu sonho seria colocado,
Mas já está tão transfigurado
que as vezes não consigo ver,
o que era antes, bem antes,
de eu crescer e envelhecer.
O meu sonho de ajudar,
de por fim ao sofrimento,
jaz esmagado mudo e lento,
carcomido pela fome,
aquela que sempre come as migalhas das suas sobras,
a fome que te consome, te sacia e te esvazia,
é aquela que te incomoda na beirada do teu dia,
e devora
o que ainda vai nascer.
Corte profundo que não cicatriza, mas deixa a ferida
sempre disposta a aparecer.
E se não houvessem empecilhos, como na imaginação
meu sonho seria livre
para andar à proa e vento,
até correr na contramão,
com alguma ideia ou não
do que estaria por vir.
Mas o sonho não sonhado
tem medo de sair da caixa,
ficou preso há tanto tempo
que a roupa pode não servir mais.
E se estiver ultrapassado
e todos lhe perceberem:
_Lá vem o sonho não sonhado!
O que há para fazerem?