ESPÓLIO

Um gosto de sal na boca

No fundo a mão é um punhal

Diante do mundo a janela é a moldura de um súbito irreal

Um pouco de som na memória

No braço a força do arpão

Beijou a boca do espelho e reviu no suspiro embaçado a ilusão 

É preciso abrir as gavetas

Lá no fundo também pode estar

Uma parte da história perdida,

Aliança de prata com as iniciais

Natural que derreta em saudade, afinal uma parte da dor é metal: imóvel, concreta e oculta, esfria em silêncio, dureza imortal.

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 27/04/2017
Código do texto: T5982826
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