ESPÓLIO
Um gosto de sal na boca
No fundo a mão é um punhal
Diante do mundo a janela é a moldura de um súbito irreal
Um pouco de som na memória
No braço a força do arpão
Beijou a boca do espelho e reviu no suspiro embaçado a ilusão
É preciso abrir as gavetas
Lá no fundo também pode estar
Uma parte da história perdida,
Aliança de prata com as iniciais
Natural que derreta em saudade, afinal uma parte da dor é metal: imóvel, concreta e oculta, esfria em silêncio, dureza imortal.