UM OUTRO VIÉS
UM OUTRO VIÉS (Conceição Castro)
O sapato apertava-lhe a parte superior do pé
Sangravam os pesos
que não pode carregar
Doía-lhe a moleza dos braços
que deixaram cair situações
que quis controlar
Sei que tentou,
Mas ondas não se pode segurar
Nem sempre o mar é pescaria
Às vezes é difícil respirar
Tentou agarrar-se a uma nuvem fagueira
Sua fé era ainda esteira rasteira
Um dia resolveu não esperar nada
Resolveu não empurrar a montanha com os pés
Nem amarrar lacinhos de fita em juba de leão
Deitou-se no chão
Sem sapatos, sem esperas e com convicção
Afagou calmamente todo e qualquer resultado
Olhou para o lado...
E finalmente viu DEUS!