Num Tato Líquido

Eu vejo os versos deslizando na substância do sono,

Eles têm a duração de um suspiro,

Mas para toda a vida são

As exaracões que deixam no meu espírito imortal...

Os segredos, eu os vou sabendo,

Tornando-me cúmplice eterno de teus olhos fechados,

À medida que esses versos se diluem em minha mente,

Criando as sensações de extremas complexidades,

Sargitárias de prazer e de sofrimento...

Deslizo em teus poros, fluidificando-me em letras líquidas,

Em sílabas vaporosas,

Em palavras de significados mutantes,

Em versos fluentes, fluxões,

Sentindo as variações úmidas de tua temperatura,

Como quem procura decifrar a música de teu coração escuro...

Eu bato, sem saber a senha, à entrada de teus lábios,

Esperando que tua alma me ouça,

Esperando que a minha alma seja contemplada

Com o extremo presente de se por como um servo íntimo diante de ti,

A derramar os segredos que tu me contas,

Que talvez nem tu mesma os saiba...

Esperando que tu não me tenhas

Como um completo estranho...

Ah, minha amiga, são tantas coisas,

Pássaros que se desfazem na ânsia do ruflar de asas,

A vida se explodindo em mortes negras,

De onde surgem multiformas claras e fugazes...

Mas eu vou parar,

Num Tato Líquido eu te passo,

Quando te encontre

Aquilo que de ti me vem, querida,

Para a ti mesma te entregar...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 04/05/2017
Reeditado em 05/07/2022
Código do texto: T5989185
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