A menina do ônibus

Para ela, ele é Deus.

Ela o vê como homem, modelo de beleza

Exemplo de astúcia.

As palavras são como ensinamentos.

Que vêm leves, risonhos, felizes.

Ela o olha como algo a ser, espelhar-se.

Fala. Fala. Como criança.

Bem mais do que de fato é.

A inocência de ser espontâneo,

até bobo para chamar atenção.

Brinca. Ri. Como quem vive um momento único.

Como, na verdade, todos são.

Fala. Fala. Ama como criança.

De olhos fechados e peito aberto.

Como, na verdade, todos deveriam ser.

Ela fala. Fala. Ele observa e a envolve com carinho,

apoiando-lhe a cabeça nos braços,

beijando a face e lhe acariciando o braço.

Em contrapartida, admira.

Talvez resgatando nela um pouco do amor

incondicional perdido no “crescer”.

Daniele Sorris
Enviado por Daniele Sorris em 15/10/2005
Código do texto: T60002