Mãe?

Mãe, você acha que restará algo de mim?

Ando por cidades desconhecidas, perco-me,

Estou afogando meus últimos dias

Numa poça que corrompe meus pulmões.

Avulso numa confusão de vidas e vozes

E, por tantas vezes, eu sem voz

Forjando entendimento, mas só via incompreensão.

Sou muito preso para crescer,

Muito solto para ficar.

Fiquei em frente ao muro

Desejando atravessá-lo, mas

Incompreensível demais.

Queria falar, mas as palavras não se organizavam.

Queria andar, mas minhas pernas não se moviam bem.

Queria ficar, mas era ambicioso demais para isso.

Almejei parar, mas era covarde.

Parei em frente a uma padaria, domingo de manhã,

Olhei a porta espelhada, nem me reconheci.

Um segundo depois, não sabia onde estava.

Mãe?