O BÊBADO

Lá fora a noite é densa, o vento arpeja

Sacudindo a ramagem do arvoredo

Ao longe bate a sino de uma igreja

Parece revelar algum segredo

Eu fico olhando o bêbado dormindo

No banco em frente lá na praça

Uma vida que vai se consumindo

Pelo mundo perdido da cachaça

Pobre alma só, tão desventurada

Entorpecida pela dor e ânsia

Do desconforto de sua pousada

Seu cobertor é a noite enluarada

Quem sabe sonhando com a infância

Pelas ruas azuis da madrugada

Olga Silveira
Enviado por Olga Silveira em 16/10/2005
Código do texto: T60175