POEMA SUSPEITÍSSIMO



Exceto pelo rouco, a voz em tudo
a mesma, dessa vez sumindo ou por
sumir – segredo que durasse a beira-túmulo –
cantando algo trivial contra a retina
insaciável dessa rede ubíqua

'Saber se ainda é lembrado', bem lembrado,
ou coisa assim, que alguém se importa ao fim
das contas – faz-se necessário ouvi-lo,
o múrmuro ou sussurro nesse sábado
contido em calendário errado

'É meio brega ser confessional,
não sou dado a reflexos
por reflexões que labirintam
mais que explicam de quem sou,
de modo que nem levo a sério
a paralaxe de seu óbvio olhar'

E chega o ponto de pesar se vale
a pena apenas ter por já ter sido,
o enredo, aquele, assim tão seu que é quase
a lenda a quem por ele aprenda
por mais tonto em leituras, sutilezas tais

A mim tem sido algo instrutivo –
o melhor símbolo, alguém diz, é o objeto
e sem cosméticos, maquiagens e quejandos –
no suspeitar (já por processo) de emoções,
da lágrima, da pluma, de puídas
bandeiras, sobretudo, e até de mim

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 03/06/2017
Reeditado em 07/06/2017
Código do texto: T6017668
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