Angústia e paixão

Viajo em meu consciente,

mergulho voraz no inconsciente,

uma corrida trêmula,

um encontro comigo,

sem nada para buscar,

intuição,

um aperto no coração.

O que me apraz,

não me faz melhor,

o que me cega,

esse sim,

me conduz.

O vento sopra a favor,

tenho medo?

Não é assim por tanto tempo...

hábito mórbido?

Preciso voltar no tempo,

retomar a estrada perdida,

buscar o horizonte aberto,

o arco-íris tapajônico,

a tromba d'água do belo rio,

aceitar.

Minha alma forte,

me gosto nela,

tem cheiro,

é doce,

vibra no mundo,

sustenta meu corpo,

mais do que ele pode.

Saio e vejo o que fiz,

muito pouco pra minha ânsia,

ainda quero abraçar o mundo,

mas já me assola uma desilusão,

estava enganado,

o grande é o pequeno,

e a areia que escorre na ampulheta maximiza a causa nobre.

A poesia que há em tudo,

na intimidade das coisas,

na superficialidade dos corpos,

na expectativa do novo,

no alcance do além mar,

faz do homem um mero expectador da vida,

mas do poeta, um alucinado,

empolgado,

dramático,

onde tudo transborda e avança,

como uma tsunami mortal e maravilhosa.