Lua

Mais um segundo vira hora

E deitado na cama o dia demora

Eu tentei, e juro que tento

Sentir o sangue fluir no seu lindo ritmo lento

As cobertas me cobrem das vozes

Mas lá dentro não consigo suportar meu próprio lamento.

Saio respiro, transpiro, a lampada acende como um tiro

Mas permanece o silencio pertubador

E mesmo assim meu ouvido estremece de dor

Baixo o volume da tv e ela parece ficar mais alta

Tudo parece igual, mas nada normal

Vejo desespero e nenhum espelho

Saio pra rua em busca de algum dinheiro

Noite fria pra cacete, a lua me queima e eu sinto uma inexplicavel sede

Preciso beber ate ficar sobrio o suficiente pra ter uma explicação pra tanta dificuldade de me manter em pé

Droga!! É insuportavel ter o futuro nas minhas costas e nem pensar em dar ré

Escolhi perambular sangrando pelas ruas ao invés de tentar morrer em um hospital

Tento ser um kamikaze, mas pra minha tristeza o mundo me faz imortal

Tem dias que segurar o oceano no peito é agradavel

Mas depois de um tempo até uma brisa te deixa instavel

Sabe qual a pior parte? Nenhuma todas são um inferno.

E gastar toda minha violência em demonios parece o caminho menos certo.

Doeu mesmo tentar chorar, e perceber que já nem consegue

Aliviou-me aceitar a solidão

E ver as pessoas enganando a si próprias apertou meu coração

Não é altruismo, mas mesmo o mundo todo me fazendo infeliz episódio apos episódio

É excruciante observar o ciclo de magoas, falsos sorrisos e ódio.

É sexta-feira queria acreditar que o mundo ia ser um lugar melhor

Então esqueço o que foi visto

Escrevo esse rabisco, pisco

Me sinto farto, sustento meu fardo, a hora volta a ser segundo e me vejo deitado no meu quarto.