ETERNO FEMININO
ETERNO FEMININO
A dança violenta,
instinto imperioso, gozozo,
o eterno feminino
ao som dionisíaco!
Possessas seguidoras de Dioniso
são essas...
Tomam o corpo da prisão
da lama e da areia,
o corpo desinteressado... sinal de instinto ruim,
doente; refugo da humanidade;
e nuas, ao supremo ritmo das
flautas e dos tamborins,
e nas mãos o tirso:
o estrondo no chão!
As felizes Mênades de ventres livres
despedaçam a unhas e dentes machadeiras
o macho corpo desnutrido do eterno feminino,
da força vital.
Aos gritos, os faunos:
_ Fora, Circe da humanidade!
Em êxtases, os sátiros:
_ Aprender a Natureza!
Amontoado de ossos, de membros – cabeça oca! -,
de órgãos e de nervos exangue:
o macho partido, dilacerado, despedaçado -
o falo atirado ao longe.
E as Mênades, banhadas em sangue,
em dança frenética, ululam à luz da Lua:
_ Ió, ió, ió...
Prof. Dr. Sílvio Medeiros
Campinas, é inverno de 2007.