Errante

Perdi-me de mim na encruzilhada dos anos

enquanto estive só...

Dias sem sol, noites sem lua

e uma nua realidade envelhecida!

A vida qual estrada no deserto

e eu me cobri do pó da nulidade

de não ter mais a mim ou mais alguém;

Viver era um exercício da vontade...

A vida se desfez no pó dos anos,

no pó dos planos desfeitos,

no sufocar do peito e no ardor dos olhos;

vida seca - desertificação de sentimentos

e secura das lágrimas (ou mágoas)

numa estrada de pó;

é triste estar só e mais triste ser só...

Cruzei quarenta anos de deserto

e não me sinto certo de onde estou;

Será que um dia chega?

Será que me alcança

a parte de mim que ficou?

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 16/10/2005
Código do texto: T60307