Sonhos que morreram
Deslizou em minha alma,
E escreveu em linhas singulares
Sobre o amor e a loucura
Com a suavidade das erupções desabrochantes,
Como os lusco-fuscos que vêm saldar
Quem se agonia em tremendos pesadelos...
Tocou-me os lábios com a umidade de sua língua
E exarou nas minhas memórias quentes
Pequenas e grandes e profundas marcas vivas
Que fazem os olhos fecharem,
Como quem quer resguardar qualquer juízo...
Se foi como uma explosão,
E tudo ficou desarrumado,
Como que se principiasse a vida, com bilhões de lembranças agitadas e densas...
E deixou o vazio de vazios, cheios de nadas, sonhos que morreram, conversas que jamais existirão...
E tudo foi num instante,
Num piscar de olhos,
Como um clarão sendo engolido pela escuridão mais negra...