A morte do guerreiro

Hoje fechei meus olhos e chorei...

Não o choro da dor, da saudade, do medo ou da lembrança;

nem mesmo do esquecimento...

Foi o choro do vazio!

Hoje, meu sangue índio correu pelas veias da lembrança,

e chorei...

Não porque me lembre;

mas porque não lembro, não sei, não vi, não vivi!

Meu sangue índio correu pelo vazio...

Chorei por meu povo

porque não tenho povo!

Chorei pela raça

porque não tenho raça!

Chorei pela vida

porque a vida se foi...

Meu sangue índio correu pela floresta

e pairou sobre mim o espírito da grande águia,

mas ela não me conheceu

porque dei meu “cocar” por um conforto...

E eu, “filho da luz”, temo que a “sombra”

a mim alcance qualquer dia

na forma do “jaguar”, e dilacere

a forma primitiva de meu ser;

e tire todo o resto

do pouco sangue índio que ainda corre em minhas veias.

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 16/10/2005
Reeditado em 08/01/2012
Código do texto: T60319
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