LUÍZA E EU

encantei-me com o ar da tua graça:

decretado estava,

ao tempo,

todas outras mais novidades

[Luíza, apenas Luíza]

disseste-me a tua graça

[mesmo]

sem tê-la pedido,

ou ouvido

[Luíza, apenas Luíza]

soou-me estanho,

mesmo dispensado das apresentações formais,

chamar-se Luíza esta mulher pronta para viver e vencer o tempo

[Luíza, apenas, Luíza]

nada de toucas, cobertores, roupinhas de lã,

nada de nebulizadores, antibióticos, ou médicos em vão,

nada de ir acompanhada até a escola com a velha tia Pequena,

nada de colégios de freiras, de milhos nos joelhos, do castigo pelo castigo

[Luíza, apenas, Luíza]

sem o vício da curiosidade,

mataste em mim

a vontade de invadir as páginas dos teus diários,

de saber com quem tu sais para escolher,

de correr atrás dos teus namorados, pata mim, uns depravados,

de querer entender como e aonde começam teus desejos

[Luíza, apenas Luíza]

mulher feita para vencer o tempo,

sou o pai antigo

a perceber que estás definitivamente dependente

da minha semelhança

amargarei gramo por gramo meu ciúme

[pai é pai]

e

experimentarás de vestidos virgens a véus de grávidas!...