O TEMPO TUDO CURA
Nas longas noites tristonhas,
Com energia e luz próprias,
Fulgurava um anjo clemente
Com aroma e fácies risonhas,
E com todas as honras e glórias
Aparecia com um ar benevolente
Em meus frios sonhos noturnos,
Envolvido por uma aura de amor,
Trazendo nas mãos o alento
Para mitigar a grande dor
Que me corroía por dentro,
Aprisionado em rancores soturnos.
Durante muitas noites sem vida,
E sem viço, e sem colorido,
Eu me via na ausência obscura
Da pessoa que mais amei outrora,
Mas refeito pelo tempo que tudo cura,
Já não me dói a ausência dela agora,
E curado do desalento febril,
Fustigante e cheio de imenso vazio,
Eu sepulto na alma a ilusão perdida,
E todo o irrecuperável tempo ido
Que passei curvado sobre o rio,
Chorando pelo amor que partiu.