PASSEIO POR MIM

Escuto de longe minhas palavras

Tão cheias de sentimento,

Que o sopro levou,

O tempo espalhou,

E dentro de mim, ficou, findou.

Tento fazer voltar, tento segurar, mas nada.

Suplico para aqueles dias renascerem, minhas pálpebras já cansadas, minha boca já submissa, meu corpo imóvel pela força dessas palavras.

No ouvido, o que Foi dito, espalha como fogo, no instante em que a palavra faiscou. Os olhos em uma luta travada com o corpo, entortando e retorcendo até o impossível, indo contra uma certa lágrima que esta escorrendo no tempo.

Se esforçar, desejar. Querer mais que tudo um instante com as palavras, um segundo com o intangível. Como o vão. O parado a observar.

Os sentidos são os sábios,

Os sonhadores,

Os tolos,

Os exagerados,

Os Inexplicáveis. Do real ao surreal, do ofegante ao tranquilo. O que se sente sem precisar ver, sem precisar de preços, de esforços.

Quando passeio por mim, vou sempre na minha caixinha de memórias, eu sei, sei que vou sorrir, sei que vou chorar, das loucuras desse ser, esse ser tão sensível que dos outros busca invisível.