Meu espelho

É no outro que eu vejo,

a amargura que eu devo evitar

a alegria que preciso conquistar

o tédio que é sempre

uma má companhia

o desespero de não ser amado

a ambição descontrolada

o meu retrato quando velho

meus ossos quebrados

versos jogados fora

o vazio espiritual

o iludir-se a si mesmo

o espanto e a desconfiança

meus estopins

a vontade de afagar os pelos

a ânsia de assanhar o ventre

a alegria de fustigar as ancas

cobrir de zelo.

O meu espelho

é o meu semelhante