A chuva já não cai mais
A chuva já não cai mais; desapareceu.
Levou com ela a minha resignação, meus ombros firmes.
Levou também o meu sorriso e minha lágrima.
Foi-se embora meu projeto, acabaram-se meus planos,
Derretidos pelo Sol, com raios quentes, desumanos.
Foi-se embora minha sensatez, meu passo alegre.
Ofuscou-se o meu brilho, meu amanhecer.
Sucumbiu o meu castelo, a derrocada da minh'alma.
Desmoronou ao chão que teu pé lindo passeava.
Evaporou-se minha fortuna, acabou minha euforia.
Meu deleite e meu triunfo - consumados na agonia.
Pereceu minha coragem, exauriram minhas venturas.
Sepultaram meu espírito, destroçaram minhas entranhas.
Murchou a minha rosa, apagou-se a minha luz.
Ceifaram minhas flores, queimaram minhas sementes.
Moeram meu corpo em brasa e jogaram aos malditos cães.
Subi ao mais alto ponto da vida; despenquei de ilusões.
No mais, eis-me aqui:
Autoral
Irrestrito
Irremediavelmente aflito
Sabendo que ainda sou, nas mesmas palavras,
Indubitavelmente teu.