Napoliumano

Derrete assim

devagarinho

esperando a hora de pingar noutra vida

escorrendo pela doença fantasma

que suga todo o sabor

do suco

sanguinolento.

A fim de se curar

deveria tomar outros líquidos

mas eles se juntariam à correnteza

num tsunami.

Não mergulha em si

são águas vagarosas

porém corrosivas.

Evapora sempre no meio do caminho

mas condensa-se.

Mãos derretidas não alcançam mais

está tudo muito longe

muito parado

muito sufocante.

Nesse momento, só ela derrete

Só ela existe

só ela insiste na empreitada imbecil

de continuar o ciclo.

- Para de se enganar,

inverte esse “só”, caramba!

Deixe-me recolhê-la num copo

e solidificá-la em mim

Porque logo derreterei também por ver você assim

e sabe que não será devagarinho.