Frenesi
Sob o fulgor do crepúsculo, ela posava
O feixe de luz que entrava pela fresta da janela
Iluminava seus olhos castanhos cor de mel
Naquele momento, muito mais âmbar do que mel
O pintor, do outro lado dos grandes globos
Observava tudo com um grande furor
Um frénésie como dizem os franceses
E sobre isso ele sabia bem
Quantas vezes não pintara em Paris?
A torre Eiffel e os transeuntes
A Catedral de Notre-Dame com suas gárgulas
O museu do Louvre, o Palácio de Versalhes
A ponte de cadeados, com alguns amores perpetuados
Outros, apenas em forma imprudências trancadas, que ali também enferrujariam por já terem sido rompidos, mas nunca desmanchados
Tanto como conhecia tudo isso, como o francês que é
Sabia, que pouquíssimas coisas são mais bonitas que a cidade luz
Este momento que ele presencia, é um deles
Pouco a pouco ele sente sua mente ceder
À aqueles olhos ardentes que o fita, fazendo sua alma queimar
E algo é certo, tanto quanto que dali alguns minutos, o sol dará lugar a lua
Mais até que aquela bela mulher, aquela bela visão estaria gravada em sua mente para sempre
Então permitindo que a euforia irradiasse por todo seu corpo
Abria a porta para que esse misto de sentimentos, sensações, pensamentos e visões pudessem sair
Por meio de suas mãos, até tocar o papel
Para a pequena garota, nada daquilo interessava muito
Pois ela o amava e se assim ele o fizesse também
Seja pintando ou pelas palavras (quase nunca eram)
Bastava, desde que isso acontecesse... não ligaria de ser sua inspiração
Enquanto ele estivesse depositando seus olhos sobre ela, com aquele ar de desejo, seria o suficiente
Mesmo sem ler seus pensamentos, ela podia ver na velocidade que ele pintave, em seus globos frenéticos e nos olhares que ele incidia e a consumiam, e a captavam
E como ele sabia, ela sentia que estar dentro daquele quarto sempre bastaria
Pois ela já esta gravada em sua mente
Ela o amava, ele a amava e isso é que importa.