o que amo
amo o que vive vivo
amo corações que batem no descompasso das horas
amo aquela brisa que acaricia as fissuras da alma e da carne
aquele sol que aquece invernos
amo aquele canto com sons de leveza, que adormece
amo as pausas que não ouso
e as pontuações que não emprego
amo o intervalo entre a ponte e o rio
entre a raiz e a flor
amo os muros que não separam
as paredes de portas abertas
amo as janelas fechadas prestes a se abrir
amo o vento que me desalinha o peito
amo o que vive
o que é vivo
e o que eu vivo
amo
Margarida Di