Mil vezes poesia

A próxima poesia de minha lavra insana

será com certeza uma humana palavra

e terá o sabor do milésimo gol de um outro rei

ainda que com pênalti arranjado diante da torcida...

Será uma estranha referência

ao que da existência eu fiz em tantos anos...

Será somente poesia... mas com gosto

de beijo – não no rosto – mas na boca

e com sabor de sexo!

Será talvez a encruzilhada

onde deixarei gravada a minha história

e o pouco da memória que me resta!

Será meu coração em festa e comovido

por tudo quanto recebo e retribuo

das amizades – eu as cultuo

e cultivo diante da janela

para quando acordar de manhã

se acordar amanhã!

Esta será a próxima poesia em minha vida

como as outras novecentas e noventa e nove sem sentido!

Assim é a vida – e a tenho vivido intensamente

como se olhasse o amor pela janela ou pelo espelho

sem medo do que vejo!

Pois é! Mil vezes poesia – quem diria?

Chegasse eu a este verso quase insano

e nele ainda enxergasse algo de humano

por meu amor em festa! Não sabia,

mas era a minha vida o tempo todo

a emergir do lodo da mesmice

e retornar aos trilhos,

aos filhos

e a minha mulher que me acoberta e me suporta

numa vida tão certa

numa vida tão torta!

Mil vezes poesia – quem diria?

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 18/10/2005
Código do texto: T60683