Do silêncio em meu peito

Há um silêncio a gritar dentro em meu peito,

reverberando em paredes vazias,

como fosse sepulcro de meus antigos sonhos,

que eu ousei esquecer, porque acordava;

ah! silêncio das palavras, das paixões,

cujas razões moveram céus e terra

e se perderam de mim quando as perdi...

Silêncio ou um pulsar descompassado e sem vontade

quando não soube ou quis mais divisar outro horizonte

em que, além, jorrava a fonte em meus desejos mais sublimes,

aos quais não desejei mais do que ao silêncio

e ao brilho frágil de uma tarde em meu outono,

em que me aquietasse o sentir quase impossível...

Mas, não! Ainda hei de escutar deste silêncio

o murmúrio de um rio de palavras

e verei arrebóis quais fossem chama

a arder de um vetusto e sagrado altar

em que me tomo às vezes por meu próprio sacrifício

numa catarse sem temores ou pecados,

apenas para calar este silêncio torturante

e me fartar da paz no esquecimento,

onde ainda não ecoam as minhas palavras vazias...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 18/10/2005
Reeditado em 18/10/2005
Código do texto: T60690