Do silêncio em meu peito
Há um silêncio a gritar dentro em meu peito,
reverberando em paredes vazias,
como fosse sepulcro de meus antigos sonhos,
que eu ousei esquecer, porque acordava;
ah! silêncio das palavras, das paixões,
cujas razões moveram céus e terra
e se perderam de mim quando as perdi...
Silêncio ou um pulsar descompassado e sem vontade
quando não soube ou quis mais divisar outro horizonte
em que, além, jorrava a fonte em meus desejos mais sublimes,
aos quais não desejei mais do que ao silêncio
e ao brilho frágil de uma tarde em meu outono,
em que me aquietasse o sentir quase impossível...
Mas, não! Ainda hei de escutar deste silêncio
o murmúrio de um rio de palavras
e verei arrebóis quais fossem chama
a arder de um vetusto e sagrado altar
em que me tomo às vezes por meu próprio sacrifício
numa catarse sem temores ou pecados,
apenas para calar este silêncio torturante
e me fartar da paz no esquecimento,
onde ainda não ecoam as minhas palavras vazias...