Lucille
Lucille, quanto tempo você vai me deixar aqui sentado?
Meu pé está ficando dormente pulsando no chão da sua sala.
Queria que você escutasse o descompasso da minha mente
meu corpo não quer mais levantar, quer só a sua dança.
Juro que tentei resistir ao balanço da tua carne pela escuridão.
Mas você conseguiu, Lucille, ser o meu mais forte alucinógeno.
Você aguçou os olhos do meu corpo e arrepiou a minha alma
e eu posso tocar no teu corpo dentro da minha mente.
Abaixe só um pouco o som, Lucille, do breve e intenso futuro
porque eu já estou confundido todos os tempos verbais.
Tem cores que não estão dando com as tuas cores, Lucille;
e essas cores são as roupas que você escolheu vestir essa noite.
Quero pôr a tua carne entre os meus dentes pra arrancar
um pedaço das tuas carnes balançadas ao som de Lucille.
Sentir na língua os poros salgados do teu pescoço arrepiados
enquanto morre a tua garganta enforcada por gritos contidos.
Teus olhos são as luas cheias de toda a minha maldição, Lucille,
porque você tem o controle de todos os meus alterados instintos.
És as quatro estações do ano num mesmo dia em minha janela,
e eu giro em torno de você todos os dias de todos os meus anos.
Quero que balance todos os teus músculos na cama do meu corpo
e quero que escute todos os animais e seres paranormais, o teu grito,
enquanto tu arranca do meu corpo o sangue e a seiva do fruto
amadurecido pelos teus cuidados e divina alimentação.
Faz de mim, Lucille, teu adubo pra que eu possa penetrar a tua terra
com a força de todas as marés atravessadas pelo mar da tua pele,
que eu serei a torrente abençoada de toda a vida para a nossa noite.
E eu irei buscar nos confins do teu espírito, o fôlego da minha vida.