FAROL E LUZ DAS 12 POESIAS: CARRO DE BOI, MY LIFE, ALTIVOZES, METANOIA, MINAS, MUITO E UM SÓ E ROÇA
1. MINHA VIDA
Eu gosto de minha vida
Eu cruzo o quarteirão
E vejo a você
Eu não conheço sua pessoa
Mas, você é parte
Da minha cidade
Do meu campo
Com você, eu oiço
O palpitar do caminho
Sem você,
Há menos vida
E os meus amigos
Aquecem o inverno da vida.
2. MY LIFE
I like my life
E cross the square
And I look at you
I do not know you
But you are part
Of this city
With you, I hear
The beating of the way
Without you,
There is darkness and anxiety here.
I am not like me
I am me
I am solicitude
Whose absence
You can dare heat up
My winter.
3. SOBRIEDADE
Liberte-me da minha prisão interior. Ajude-me a viver.
Livra-me de envelhecer precoce. Apodrecer em mim.
Achei que o álcool era meu amigo.
Ele, ao fundo do povo, me derrubou.
E a minha vida há muito desabou.
E o desvão da embriaguez foi comigo.
Um dia, aos Alcoólicos Anônimos fui.
Depois de muito sofrer e padecer,
Decidi meu presente restabelecer:
E nos doze passos que a vida constitui.
Sóbrio, “cada dia basta seu peso”!
Sereno, devagar, vai-se ao longe.
Sábio, o equilíbrio me mantém aceso.
A Deus, elevo uma prece!
Quando a dependência ruge:
Teço uma nova chance.
4. METANOIA
O coração muda de direção e ama a vida.
Aprende a gostar de quem gosta da gente.
Vou-me embora para Felícia
Os anos aqui são expectativa
Lá a vida será delícia
Como gosto de sonhar!
Como gosto de viver!
A vida vale muito mais
É preciso torcer
Para cada vez sentir os ais
E, no fim, de cada dia
Quando a noite chegar
Elevo os olhos ao céu!
Rezo para perdoar.
Suplico ao coração: ria
E o dia vem qual véu.
5. MUITO E UM SÓ – 10/11/08
Sou muitos eus e um só!
Que outros podem inventar
Quando me veem antes do pó
Ou se demoram nos olhos entrar.
Percorri caminho vário até aqui
E senti o cheiro estranho da vida
Passei sítios e lugares daqui
E acolá para buscar saída.
Máscaras caíram, não estavam coladas
A dor lá dentro me inquietava
Pois queria ser eu mesmo.
Mas, aprendi a viver as dores aladas
Da alma, grande projetada
Sobre e sob projetos em quiasmo.
6. Ó SABIÁ
Como cantas!
Sinto introspectivo
Ao Ouvir sua melodia.
Lamento que tu desapareças
Se o verde acabar.
E o teu cantar
Faz falta
De verdade.
E o teu cantar
Faz voltar
O jardim do Éden.
Paro, fecho os olhos
Só para te ouvir
E sentir
O coração palpitar
E a mente navegar
Para outro mar
Que este aqui
É selva de egoísmos
E mata como uma funda
Meu ser com a pedra da ingratidão.
E teu cantar faz a via encantar
Tua cantiga que mendigo
É vital para o meu voo da alma,
É o som que embala o menino interior
7. CARRO DE BOI
Pelas invernadas
Uma cantiga marota
Para uns dá saudade
De tanta lembrança
Do sertão;
De outros,
Vem alegria
Que mexe com o coração:
A peleja da roça
E os irmãos com as novidades
Lá da cidade.
Mas, esse tempo
Parece ter ido.
Agora viajo
Pelo mundo
Do interior
E não vejo mais
Os bois e seu carro.
Apenas, fecho os olhos
E a mente vê
O movimento
De juntas de boi
E o velho carro de boi.
8. ROÇA
Horta cheia de lindas
E velhas árvores
Do lado da cerca,
O curral,
Ao fundo,
O quintal e o jardim.
Mangas e laranjas
Amarelam
Com a força do sol.
As águas do riacho
Cantam frescas
E limpas.
E vem em canais
Até a horta
Para couves, cebolas,
Bananeiras e pomar.
9. BRASÍLIA
Um sonho se fez realidade.
Dom Bosco
Anteviu
No cerrado goiano,
No 15º de latitude sul,
Uma nova cidade.
E o tempo
Passou.
JK o sonho
realizou
em 21 de abril de 1961.
10. MINAS
São muitas, meu caboclo.
Veja o maroto, de Zé Tiziu,
Levando ao ombro
Os ovos e a galinha
Para a filha
Na cidade.
Casou, mudou e
Nem lembrança deixou.
Etá, marvada cabocla!
Ontem mesmo,
Era uma menina;
Hoje é um mulherão.
Hoje, na capela,
O padre diz missa.
Leva a família
E recebe a bênção
Do Santo padroeiro.
E os Tropeiros
Leva as boiada
Pelo sertão afora;
Cozinha em fogo
Improviso
De feijão, linguiça,
Queijo, rapadura,
Manteiga para
A quitanda lá
Na tardinha.
Não falta a rede
entre as árvores
Para o violeiro
Cantar a modinha
da rapaziada
brejeira.
Entre as forquilhas,
Dependura os vasilhames
E faz cedo na neblina do rio
O primeiro café
E o leite não falta, seu José.
No arraial, o povo coloca
No arroz o tal de salame
E o Antônio com a mulher
Faz marmita
Para os roceiros
Do Santarém.
Veja no meu embornal
O retrato da família
Os meninos estão
Crescendo
Que nem garote
Em pasto grande
E bonito de verde.
11. CANÁRIO
Apuro ouvidos
Firmo os olhos
Vem cantar a avezinha
Amarela
Tão belo canto
A distância se ouve
E no pomar se esconde
Entre gorjeios
Silencia a rua
Com seu delírio musical.
12. ALTIVOZES
Mudas vozes
Falam dentro da gente;
São idiossincrasias
Um parto de possibilidades
Em cada um.
E noite e dia
O vozerio
Se esticam
E se confunde
Com o sonho
E misturam
Com nossos desejos
De ir além de si
E entender o outro em mim.